Justiça barra tentativa do Consórcio Guaicurus de acelerar aumento da tarifa em Campo Grande

Justiça barra tentativa do Consórcio Guaicurus de acelerar aumento da tarifa em Campo Grande
Garagem do Consórcio Guaicurus, em Campo Grande. (Foto: Henrique Arakaki, Arquivo, Jornal Midiamax)

Em uma ação paralela para pressionar a Prefeitura de Campo Grande a elevar a tarifa técnica de R$ 6,17 para R$ 7,79, o Consórcio Guaicurus recebeu uma negativa da Justiça ao tentar acelerar o processo que tramita na 4ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos.

O juiz Marcelo Andrade Campos Silva concedeu 30 dias para que o Executivo municipal e a Agereg (Agência Municipal de Regulação) se manifestem sobre um recurso anteriormente negado. O município afirma que já cumpriu a determinação da ação principal e que prosseguir com a execução da sentença seria contraditório.

A decisão que tratava do aumento tarifário foi proferida ainda em outubro de 2023, mas a Prefeitura apresentou diversos recursos para tentar impedir o reajuste.

Diante disso, o magistrado estabeleceu prazo de um mês para que as partes embargantes se manifestem. Insatisfeito com o período, o Consórcio Guaicurus recorreu pedindo que o prazo fosse reduzido para cinco dias, o que, na visão dos empresários, daria mais celeridade ao processo e facilitaria a validação da tarifa de R$ 7,79. A defesa do consórcio é conduzida pelo desembargador aposentado Claudionor Miguel Abss Duarte, que atua em sociedade com o procurador da Câmara Municipal, Gustavo Lazzari — nomeado pelo presidente do Legislativo, vereador Papy (PSDB), que declara publicamente apoiar o aumento de repasses ao Consórcio Guaicurus.

Entretanto, o juiz Marcelo Andrade Campos Silva indeferiu o pedido, justificando que o prazo envolve a atuação da Fazenda Pública, além da necessidade de apresentação de documentos.

Fonte: Jornal MidiaMix

Município diz que ação está suspensa

Em recurso apresentado contra a decisão, o município afirma que o aumento da tarifa está suspenso pela Justiça até o julgamento de outro processo movido pelos mesmos empresários, que também buscam ampliar os repasses financeiros. Por isso, a gestão municipal pediu que o juiz revogue o reajuste para R$ 7,79.

“Não se deve determinar o cumprimento de tutela de urgência já concretizada. Consequentemente, requer-se a extinção do presente cumprimento de decisão”, argumentou o município.

Pressão do Consórcio Guaicurus

A defesa do Consórcio Guaicurus, porém, sustenta que, embora o processo esteja suspenso, isso não afeta decisões liminares já vigentes nem o dever de cumpri-las. Assim, pede que o recurso do município seja rejeitado e que a Prefeitura seja multada em R$ 200 mil por dia por não reajustar a tarifa técnica.

Consórcio briga por mais dinheiro público

O histórico financeiro do consórcio mostra cifras expressivas. Auditoria realizada pela equipe técnica da Prefeitura de Campo Grande, com base em balanços enviados pelas próprias empresas, apontou que o Consórcio Guaicurus faturou R$ 1.277.051.828,21 (um bilhão, duzentos e setenta e sete milhões, cinquenta e um mil, oitocentos e vinte e oito reais e vinte e um centavos) apenas entre 2012 e 2019 — ou seja, nos oito primeiros anos do contrato de concessão.

Somente em 2024, o consórcio deve ser beneficiado com cerca de R$ 64 milhões, somando subsídios e isenção de ISS (Imposto Sobre Serviços).

Frota sucateada e reclamações

Apesar do apoio explícito do presidente da Câmara, Epaminondas Neto — o vereador Papy (PSDB) — para aumentar os repasses públicos, o consórcio move uma série de ações judiciais para obter valores milionários ao mesmo tempo em que tenta reduzir indenizações a passageiros que se machucam em ônibus.

Enquanto disputa mais recursos “no tapetão”, o Consórcio Guaicurus mantém circulação de veículos sucateados e enfrenta altos índices de reclamações por má conservação da frota e falta de ônibus.